DISCUSSÃO
Nos últimos anos, tem-se registado um aumento notório do número de artroplastias do joelho de revisão efetuadas1. Dos diversos fatores motivadores de uma revisão, salienta-se o aumento do número de artroplastias primárias do joelho e a idade cada vez mais reduzida dos doentes portadores desta artroplastia. A revisão de uma artroplastia total do joelho pode ser precoce, se realizada nos primeiros 2 anos após cirurgia, ou tardia3.
Como fatores indicadores de revisão da artroplastia encontram-se: dor, instabilidade, limitação da amplitude de movimento, infeção e descolamento asséptico. Cada um destes fatores pode sumarizar um conjunto de problemas variados com necessidade de diferentes tratamentos. Como tal, identificar e diagnosticar os fatores motivadores de uma revisão é um passo fundamental para uma artroplastia de revisão bem sucedida4.
Nas revisões tardias, o desgaste do polietileno é o principal motivo de revisão devido à osteólise, instabilidade ligamentar e descolamento asséptico causadas5.
O restauro da função do joelho e do seu arco de movimento é sempre um dos objetivos principais de qualquer artroplastia de revisão. Para tal, múltiplos são os problemas que um cirurgião tem que enfrentar6. Destes problemas, destaca-se a necessidade de restauro da interlinha articular e a reposição da perda de massa óssea, frequentemente subestimada nos exames radiológicos de planeamento pré operatório7.
Para a escolha da prótese de revisão, o cirurgião deve considerar a integridade dos ligamentos colaterais e do aparelho extensor, bem como, a quantidade e a qualidade do osso residual4.
Para reconstruir um joelho com perda óssea, um cirurgião pode ter à sua disposição: próteses de reconstrução restritivas, próteses com hastes de revisão, próteses com cones metafisários, preenchimento do defeito ósseo com enxerto ósseo estrutural, cimento ou cunhas de aumento4.
A longo prazo, efetivamente, ainda nenhum tratamento cirúrgico se revelou superior nas revisões de artroplastia do joelho com grandes defeitos ósseos. O preenchimento da perda de massa óssea com enxerto ósseo, aplicação de componentes protésicos de adição ou enchimento com cimento são fundamentais para o restauro da interlinha articular e respetiva optimização do balanço ligamentar2. Para além do referido, o restauro da perda óssea permite a utilização de próteses menos restritivas2.
A classificação Anderson Orthopaedic Research Institute (AORI) categoriza a perda de massa óssea em 3 categorias, orientando o seu respetivo tratamento1. Neste caso clínico, estávamos presentes perante uma perda óssea AORI tipo 2. Segundo estudos, o uso de cones metafisários de reconstrução no componente tibial confere uma ótima osteointegração e uma estabilidade inicial fundamental na prevenção da migração dos componentes e no sucesso da artroplastia de revisão5.